terça-feira, 9 de março de 2021

Tulipas Azuis

Anoitece. 
Que horas são? 
Ouve-se. 

De longe vem o som da orquestra silenciosa. É o vento tocando na casa o véu da cortina, branca-transparente. 
Tempestade. 
Desassossego, isso tudo. 

No alto, o céu. 

A lua escondida entoa uma canção de ninar, enquanto ela escreve, devagarinho, frases curtas no vidro na janela embaçada com o dedo. Embaçada pelo próprio respirar. A vida. Lá fora, campo aberto de flores em botões no escuro. Nem sabia que se estendem assim, entre os desvãos dos dias, as manhãs, tardes e noites. 

Descobre. E a janela abre.  

Estava só ensaiando ser breve. Brisa que passa suave, deixando sua presença no ar. 
Era compreensível. 

2 comentários:

  1. Cara, você deveria postar essa lá no Rapidinha poética, garanto que todos iam curtir muito!

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