quinta-feira, 14 de julho de 2022

Escrever e Manoel

Há dias

que escrever não consigo   

vira um tormentozinho silencioso. 

A hora que vejo passar 

em página branca 

lânguida, vazia de mim caçoa. 

Então, de quebra, resolvo tomar de empréstimo

um poema de Manoel de Barros 

para me defender deles e

tentar desafogar os sentimentos presos 

que ficam. 

(Desafoguei uma alegria sucumbida.)

.

.

"O que não sei fazer desmancho em frases. 

Eu fiz o nada aparecer. 

(Represente que o homem é um poço escuro. 

Aqui de cima não se vê nada. 

Mas quando se chega ao fundo do poço já se pode ver o nada.) 

Perder o nada é um empobrecimento."

BARROS, Manoel de. Livro sobre Nada. 14ª Ed. Rio de Janeiro: Record, 2009. p. 63

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