segunda-feira, 18 de julho de 2022

Deriva

Sempre seria alguém que

escrever precisava de

aprender. 

Superado esse fato

continuava escrevendo. 

*

Sobre a pia a porcelana branca, lavada 

o chão da casa, varrido 

a roupa suja - posta para lavar 

arquejava de dentro da máquina.

tudo pronto:

flores enfeitando a mesa.

se havia preparado

em detalhes 

para receber 

uma alegria nova. 

*

Na manhã modorrenta

ficou recolhida dentro de um poema

e não viu quando o tempo 

sem fazer alarde passou.

Sintetizou que foi uma morte necessária, 

aquela das horas.  

*

Pois que nem tudo morre,

revelou numa crônica de

Hilda Hilst, Descida, a frase. 

E o resto do dia ainda estava lá

por graça  

entardecia, o céu, a noite, depois seu crepúsculo, 

alvorada.

Da janela de brancas cortinas de linho

se via 

o horizinte, o vinho, o jantar  

a companhia 

a criança brincando 

o chão da sala de estar

tudo lá 

correndo, correndo

a vida

por graça. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário